quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Noites frias harmonizam com cozidos...


Algumas das coisas boas que tenho revivido em São Paulo estão ligadas ao prazer de curtir o inverno. Um desses prazeres está ligado às comidas mais substanciosas, cozimentos lentos, proteínas e amidos no mesmo caldeirão e, claro, sempre acompanhando com tintos de bom corpo. No cerrado ficava um pouco mais complicado, as noites eram mais quentes e acabava pesando mais...

Num desses dias frios, que prometiam noites congelantes, dei uma olhada na geladeira e encontrei:

* + ou - 500 gr alcatra (com capa de gordura aparada grosseiramente);
* + ou - 300 gr filé mignon;
* 3 cenouras;
* 3 cebolas;
* 2 talos de salsão;
* 2 batatas;
* Folhas de louro;
* + ou - 5 cls sopa manteiga.

Conferi no armário:

* azeite;
* sal marinho;
* pimenta do reino negra;
* pimenta jamaíca e
* zattar libanês,
* além de um potinho do controverso caldo knorr (aquele da propaganda do Alex Atala).

Na adega, já sabia, havia 1/2 garrafa de um tinto nacional de Cabernet Franc.

Pensei, isso dá um bom cozido...

Preparei uma marinada com as carnes, as folhas de louro, as cebolas,  2 cenouras e os talos de salsão, tudo cortado em cubos médios e temperado com sal, pimentas e zattar (quanto baste), por 24 horas (pois é, acabei concluindo que o tempo me ajudaria e o dia seguinte continuaria frio o bastante para que valesse a pena aguardar que tudo marinasse legal).

No dia seguinte, lá pelo finalzinho da tarde, separei as carnes e retirei delas o excesso de líquido. Aqueci o azeite e umas 3 colheres de sopa de manteiga e selei todos os cubos de carne, por partes (acho que foram 4 estágios). Depois de tudo selado, voltei as carnes à panela, acrescentei mais 2 colheres de sopa de manteiga e 2 colheres de sopa de farinha de trigo. Quando "deu liga", acrescentei o caldo de carne para derreter um pouco, antes de acrescentar o restante da marinada.

Antes que tudo grudasse no fundo da panela, a marinada foi acrescentada, junto com ela, 2/3 xicara de água. Fogo baixo, cozimento por 1,5hr. Mexendo tudo de vez em quando.

Depois dessa primeira etapa. Cortei a batata em quatro partes, salpiquei azeite, sal e pimenta e tudo foi parar em uma assadeira, num forno a 220oC (no meu caso, uso um forno elétrico com resistências individuais em cima e em baixo, a de cima em média potência, a de baixo na potência máxima). 35-40 min costumam ser suficientes para assar e corar.

Batata no forno, cortei a cenoura restante em lâminas médias e levei ao cozimento em água por uns 7-8 min.

Cenouras cozidas, separei de novo a carne e liquidifiquei os demais ingredientes, obtendo um molho denso. Como o molho estava denso demais, um pouco do "caldo de cenoura" e 1/2 xícara do rioja crianza que nos acompanharia no jantar. Nova liquidificãção e um molho mais suave estava presente.

De volta à panela, carnes, cenouras pré-cozidas e molho cozinharam em fogo baixo até que as batatas estivessem prontas.

Servi o cozido acompanhado por batatas cozidas e pão italiano.

O meu "quase" bouef bourguignon alegrou nossa noite. Comida que conforta a alma. Pra acompanhar, o Banda Azul Crianza 2005, um rioja que funcionou muito bem. Tintos mais encorpados iriam bem também.

Numa próxima ocasião, apenas substituiria as carnes, por cortes de cozimento ainda mais lento. Ah, claro, se até lá sobrar tempo e espaço na minha geladeira, um caldo de carne caseiro também funcionaria melhor. Mas, vamos ser sinceros, não é sempre que dá pra contar com essa preciosidade. Caldos de galinha e legumes são mais fáceis de improvisar e podem ser feitos em quantidade menor, mas um bom caldo de carne, na minha opinião, só em grande quantidade. E aí faltam essas duas coisinhas...

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